Sexta, 2 Dezembro 2011 às 11:07
Também a loba fecha os olhos, momentaneamente, enquanto eleva o focinho
para melhor farejar o ar...
Ela já deu pela tua presença...
O teu cheiro
que ela já memorizou penetra-lhe nas narinas e enlouquece-a...
Debate-se
com uma luta interior...
Por um lado os uivos que se sentem ao longe
chamam-na à razão, ela deverá retomar o seu caminho para junto dos seus...
Por outro... a presença desta presa desconhecida tende a arrasta-la para o
perigo...
Ela sabe que esta presa não é uma presa qualquer... os seus
instintos impelem-na para ir ao seu encontro...
Também ela não é uma
loba qualquer... dizem que é meia-loba, meia-mulher... um dos lados atraiçoa o
outro, impedindo-a de assumir na totalidade qualquer um deles...
A
passos hesitantes arrebita as orelhas, afinando a audição...
Ela sabe dos
caçadores que estão no seu alcance...
Conhece todos os seus truques e todas
as armadilhas, as cicatrizes que oculta debaixo do pêlo estão lá para a lembrar
bem disso...
Sabe bem das presas que lhe são lançadas como isco...
De olhos bem abertos ela receia qualquer refolhar de arbustos... ela
pressente o caçador de cano pronto a disparar e a obter o seu troféu
ambicionado...
Mas ai esta presa tanto a atrai e lhe contraria o bom
senso... que tanto lhe remexe as entranhas e a impulsiona a saciar o seu vício,
deixando a sua marca...
...a marca da loba...
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